8 de outubro de 2014

BURRO É QUEM ME CHAMA

Quando eu tinha meus 11/13 anos de idade mais ou menos, no auge da estupidez de pré-adolescente, existia, no horário do recreio, duelo de "tiradinhas".

"Burro é quem me chama"
"Eu durmo na cama cê dorme na lama"
"Cavalo que te ama"

Depois que passei da fase, olhei pra trás e, junto aos demais daquela época, reconheci que era um estágio bobo de quando surgiam os primeiros coleguinhas usando aparelho nos dentes e que teríamos que aprender a conviver com as diferenças e a dificuldade da aceitação.

Já grandinhos, fomos todos aprendendo que aquela agressividade gratuita guardava na verdade uma explosão de hormônios e novas  experiências que, ao serem mal interpretadas por nossas cabeças ingênuas, se transformavam na mais pura e natural "aborrecência". Coisas que se curam com a maturidade.

Ou talvez não. 

Porque, dez anos depois, quando já sou chamada de adulta por aí, me deparo nesse corredorzão que é o facebook, cheio dessa agressividade gratuita de novo: estamos nas vésperas do segundo turno das eleições.

A discussão política já se encerrou faz tempo. Talvez antes do término do primeiro turno. Temos agora um duelo de tiradinhas dos crescidinhos.

Já me cansei de explicar, em comentários, qual foi a origem dos protestos de 2013 e porque as pessoas ACHAM que ele deveria ter feito diferença agora. Não adianta. As pessoas não querem entender a origem e o contexto das coisas.

Já me cansei de explicar porque essa eleição me remeteu a um sentimento de fracasso tao profundo - desde a eleição do congresso mais conservador desde 1964 às opções " maravilhosas" que teremos em segundo turno em nível estadual e federal. Não adianta. Ninguém quer entender.

As pessoas querem estar certas. Elas não querem saber os defeitos dos candidatos que escolheram. Elas querem estar certas. Elas não querem ler sobre a economia, distribuição de renda, impostos ou educação. Elas querem estar certas. Elas não querem prestar atenção no que eles dizem, não só porque eles não dizem nada, ié ié. Mas porque elas querem estar certas.

A discussão entre petistas e tucanos já virou um grande "burro é quem me chama", " eu durmo na cama cê dorme na lama" já tem um tempo. Já está vazia e cheia de falta de bom senso.

A discussão politica me engrandece, me empolga. Eu gosto de saber das coisas. Aviso para todos que sou leiga para que todos queiram sempre me ensinar algo novo. Mas o mundo - já disse algum grande sábio da internet, nos tempos do aplicativo Lulu - "o mundo é uma grande quarta  série".

E na quarta série ninguém ainda está preparado pra eleger presidente. Mas estão todos extremamente afiados para o duelo de tiradinhas.

E burro é quem me chama.



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